10.8.11

Apaixonados pela gastronomia, será?


De alguns anos para cá tenho notado um crescente número de pessoas que estão abandonando seus trabalhos ditos convencionais para se lançar no mundo gastronômico. Durante os anos de faculdade vi várias pessoas que abandonaram o curso com o único argumento de que não era aquilo que pensaram... eram aquelas pessoas que apenas gostavam de fazer churrasco nos finais de semana e não seguir na profissão. Outras estavam no curso com o objetivo de aprender a cozinhar e outros sem nenhum objetivo concreto. 
Mas o que será que eles pensavam a respeito da gastronomia? Que sairiam da colação de grau diretamente para um programa bacana na televisão a cabo? Ou então que posariam com o uniforme branquíssimo para o anúncio de revista? A verdade é que toda esse luxo e glamour é para poucos, que além de serem excelentes na cozinha, tem que ser bons na comunicação. A grande massa está atrás dos fogões, cobertos de suor, com seus uniformes completamente sujos. Estes sim, são os verdadeiros guerreiros da cozinha. Antes de mais nada, o verdadeiro chefe de cozinha tem que amar o ofício ao qual escolheu: cozinhar. Está sempre em busca de novas alquimias, novos ingredientes, texturas delicadas, sem esquecer, é claro, do sabor. Quantas vezes virei noites trabalhando, sem ver direito o meu filho acordado e me perguntava se era isso mesmo o que eu queria para minha vida. Mas a satisfação de receber um telefonema, um e-mail de um cliente satisfeito ou ainda encontrar alguém que diz ser seu fã, como se você fosse algum artista de televisão, desfaz qualquer esgotamento emocional e físico. 
Trabalhar com alimentos é coisa séria e vai além de gostar de fazer docinhos ou ter uma excelente receita de bolo. Ultrapassa os limites do razoável no que diz respeito à horas de trabalho e estudo. E na minha humilde opinião deveria ser obrigatório um curso de boas práticas na cozinha, com prova e certificado, como os advogados, os engenheiros...afinal, sem a noção básica de contaminação cruzada dos alimentos, um simples brigadeiro pode se transformar em uma bomba de bactérias e até mesmo levar à óbito, assim como um prédio mal construído ou uma causa mau defendia podem levar uma pessoa à ruína. Quem não se lembra daquele caso onde todos os convidados de um casamento na Europa foram parar no hospital por causa de uma infecção alimentar? Quem de nós nunca comeu algo que fizesse passar mal?

É preciso muito estudo e isso me preocupa, porque é fácil brincar de cozinha, difícil é se entregar de corpo e alma.

Em nota: os erros ortográficos contidos na edição impressa da Festejar n.15 não foram cometidos por mim, e sim pela redação da revista.


4 comentários:

  1. Eu simplesmente amei esse texto que você escreveu! Faz a gente pensar....

    bjs!

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  2. Paulinho, seu incrível! Você veio! Adoro! :)
    Pensemos todos!

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  3. Nossa, tirou as palavras da minha cabeça!!:)

    Quantas vezes não penso nisso quando vejo a Alice doida para brincar e eu cheia de compromissos, e realmente, o reconhecimento do nosso trabalho é tudo!

    Esse modismo é meio assustador mesmo e o fato da cozinha ser uma área aberta,as doceiras antigas eram maravilhosas e sem uma aulinha, abriu portas para todos virarem chef. E de um tempo pra cá todo mundo é patissiere...já reparou?! :D

    O problema é que o fator determinante continua sendo o preço e vamos combinar que comida muito barata é para se desconfiar.

    Adorei o post Rafa!!

    bjkss cheias de saudades!!

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  4. Oi querida! Obrigada pela visita e pelo comentário! Saudades também! :)

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